sábado, 30 de agosto de 2008

O PRETO VELHO E O JULGAMENTO DO MÉDIUM


Dentro do Centro Espírita,
Os mestres de branco aconselhavam e oravam.
Fora do Centro e de vista,
O preto velho a todos protegia e guardava.

O Médium sentou e se preparou,
Para psicografar a mensagem.
Quando o preto velho se aproximou,
O moço ficou julgando a entidade.

“Onde já se viu espírito,
Com esse jeito de ex-escravo negro?
Se ele fosse mesmo evoluído,
Não falaria assim desse jeito.”

O preto velho sorriu,
Mesmo perdendo a viagem.
Não entendia o preconceito do médium,
Mas, ainda assim, deu-lhe um passe.

Ele sabia que no dia certo,
Aquele médium perceberia o fato:
Que se aprende tanto com o médico,
Quanto com o operário.

Despediu-se dos mestres do Centro,
Que lhe olharam pedindo paciência.
Embora o trabalho ainda fosse lento,
Aumentava o discernimento e consciência.

A cada dia que passa,
Os novos médiuns estão descobrindo.
Que não importa como se fala,
E sim o que está sendo dito.

Por isso é que na rua ou no Terreiro de Umbanda,
O Preto Velho continua o seu trabalho e nunca pára.
Até que os tambores de Aruanda
O convidem para uma outra jornada.

2 comentários:

Reginaldo Araújo disse...

Que bela lição! Salve pretos e pretas sempre a servir, sempre...
Adorei as Almas!!!

Anônimo disse...

Pretos velhos e pretas velhas são como aqueles avós amparadores que a gente vê nos filmes e nas novelas e alguns têm o privilégio de conviver com os seus avós encarnados e também amparadores.
São o colo que recebe, as mãos que afagam a cabeça tranquilizando.
Hoje eu tive uma experiência linda, conheci no terreiro no qual frequento como assistente, uma linda preta velha, Vó Maria Rosa (ou do Rosário). Tive uma conversa imensamente feliz e producente com ela e me senti amparada, bem recebida, acarinhada. No caminho de volta para casa concluí: ali está uma avó que eu não tive quando minha avós encarnadas estavam por aqui, aquela avó carinhosa que qualquer neto deveria e gostaria de ter. Encontrei na pessoa de Vó Maria Rosa o amparo para este vazio que havia em mim. Desejo a todos que acreditam na Umbanda e nas entidades que ali vão fazer a caridade, tenham o privilégio que hoje eu tive.
Avós são mães duas vezes.
Nossas pretas velhas de terreiro são eternas mães.
Salve Minha querida AVó Maria Rosa.