domingo, 28 de outubro de 2007

CABOCLO BOIADEIRO


Era goiano, ponteiro de tropa. Aprendeu a laçar quando guri. Seu pai puxava tropa. Foi neto de escravo índio. Gostava de tudo que boiadeiro gosta: boa cachaça, toucinho, feijão tropeiro, carne assada no buraco (de preferência morta um pouco antes...). Andou levando tropa pelas regiões de Goiás e Mato Grosso.
Morreu num estouro de boiada; perdeu muitos amigos assim. Divertiu-se muito em vida; gostava de belas moças...
Quando parados, divertiam-se fazendo competição de laço em vaca parada; à noite faziam fogueira, carne assada, modas de viola, sempre com muita alegria.
Às vezes, em algumas cidades faziam a alegria do povo da região com sapateado, viola, enfim, com a alegria de um passante. Algumas moças, nessas passagens, os seguiam e acabavam tornando-se tocadores de tropa, "homens" como eles...
Como em todo lugar, às vezes brigavam... Morreu com 54 anos, perdeu seu pai numa disputa besta com moradores de uma cidade; essa briga foi por causa de uma "prenda".
Conheceu muito pouco a sua mãe, que morreu doente. Teve apenas uma irmã, que ficou na casa de vilarejo com parentes, onde também nasceu e deixou muito moço para tocar boiado com seu pai. Depois da morte de seu pai não o viu mais....
É quieto, de pouca conversa, quando vivo já era assim, depois de morto continuou da mesma maneira, trabalhando da mesma forma, no seu canto, fazendo o que tem que fazer.
Divertiu-se com muitas mulheres, sem nunca ter amado nenhuma. Seu amor era o gado, e seu cavalo Zaino.
Fuma: Cigarro de palha.
Bebida: Qualquer coisa.
Trabalha com este cavalo há muito tempo (desde que nasceu). É uma entidade antiga.

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